quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Revisão AP1 Língua Portuguesa Instrumental

Boa tarde pessoal!
Nesta postagem segue uma atividade de revisão para AP1 da disciplina Língua Portuguesa Instrumental:


O texto a seguir serve de base para as questões da 1 à 6.


Confie em Deus, mas tranque o seu carro…



Mike Tyson segue na mídia: andou sendo entrevistado pela Oprah e fazendo um mea-culpa por uma vida inteira de desvios de comportamento. Isso me fez lembrar de quando ele foi acusado de estupro pela ex-miss Desiree Washington, em 1991. A moça havia entrado no quarto com ele, de madrugada e, ao que consta, desistiu de levar adiante a brincadeira.
Qualquer pessoa tem o direito de desistir do ato sexual na hora H e o parceiro tem o dever de respeitar a decisão, por mais fulo da vida que fique, mas deixar Mike Tyson fulo não é algo que uma pessoa de juízo arrisque. Na época, a escritora Camille Paglia disse que Tyson errou, logicamente, mas que a moça era uma idiota.
E justificou sua opinião dando o seguinte exemplo: se você estaciona seu carro numa rua escura e deixa a chave na ignição, não significa que ele possa ser roubado. Mas, se o for, você foi um panaca. Essa história sempre me volta à cabeça quando começo a ouvir algum “ai de mim”, que é o mantra das vítimas. Fico prestando atenção na história e, quase sempre, descubro que o mártir deixou a chave na ignição.
São os casos de garotas que se deixam filmar nuas pelo namorado e depois descobrem que viraram as musas do YouTube, garotos que dirigem alcoolizados a 140 km/h e acordam no outro dia no hospital, ou artistas que vivem dando barraco em público e depois se queixam por serem perseguidos por paparazzi. Eles devem se perguntar, dramáticos: onde está Deus nessa hora, que não me ajuda?
Está ajudando a encontrar sobreviventes de um tsunami ou consolando quem tem um câncer em metástase, porque esses, sim, são vítimas genuínas: mesmo deixando seus carros bem trancados, foram surpreendidos pelo destino.
“Não há prêmio ou punição na vida, apenas consequências.” Não sei quem escreveu isso, mas está coberto de razão. Sorte e azar são responsáveis por uns 10% do nosso céu ou inferno, os 90% restantes são efeitos das nossas atitudes.
Vale para o trabalho, para o amor, para o convívio em família, para o dinheiro, para a saúde da mente e também do corpo. Reconheço que os governos não ajudam, que certas leis atrapalham, que a burocracia atravanca, que o cotidiano é cruel, e até as disfunções climáticas conspiram contra. Ainda assim, avançamos (prêmio) ou retrocedemos (punição) por mérito ou bananice nossos.
Então, tranque o carro numa rua escura e também dentro da sua garagem, não entre no quarto de um neanderthal se você não estiver bem certa do que deseja, não deixe uma vela acesa perto de uma janela aberta, pense duas vezes antes de mandar seu chefe para um lugar que você não gostaria de ir, não tenha em casa Doritos, Coca-Cola e Ouro Branco, se estiver planejando perder uns quilos e lembre-se do que sua bisavó dizia: regue as plantas, regue suas relações, regue seu futuro, porque sem cuidar, nada floresce.
E, por via das dúvidas, confie em Deus também, que mal não faz.

Martha Medeiros. Revista O Globo. Ano 5. no 276. 8/11/2009. p.24.


QUESTÃO 1

Na reescritura abaixo, a transição do segundo para o terceiro parágrafo do texto foi modificada: a porção em negrito foi deslocada do começo do terceiro para o fim do segundo parágrafo.

(...) Na época, a escritora Camille Paglia disse que Tyson errou, logicamente, mas que a moça era uma idiota. E justificou sua opinião dando o seguinte exemplo: se você estaciona seu carro numa rua escura e deixa a chave na ignição, não significa que ele possa ser roubado. Mas, se o for, você foi um panaca.
Essa história sempre me volta à cabeça quando começo a ouvir algum “ai de mim”, que é o mantra das vítimas. Fico prestando atenção na história e, quase sempre, descubro que o mártir deixou a chave na ignição.

Explique por que essa outra possibilidade de transição de um parágrafo para o outro seria adequada, levando em conta as relações de sentido entre as frases nesse trecho.


QUESTÃO 2

Explique o que significa, no contexto, “o mártir deixou a chave na ignição” (3º parágrafo).

QUESTÃO 3

Avalie a linguagem do texto como formal ou informal. Justifique sua resposta, apresentando exemplos de duas palavras ou expressões empregadas no texto.


QUESTÃO 4

Nos dois fragmentos abaixo, usa-se o sinal de pontuação “dois pontos”. Justifique o emprego do sinal em cada caso.

a. Eles devem se perguntar, dramáticos: onde está Deus nessa hora, que não me ajuda? (4º parágrafo)

b. (...) porque esses, sim, são vítimas genuínas: mesmo deixando seus carros bem trancados, foram surpreendidos pelo destino. (5º parágrafo)


QUESTÃO 5

Transcreva do texto uma frase que exemplifique o emprego de vírgulas em enumeração.


QUESTÃO 6

Que outro conectivo poderia substituir, mantendo o mesmo sentido, cada um dos conectivos sublinhados abaixo?

a.  Então, tranque o carro numa rua escura (...) (8º parágrafo)

b. (...) confie em Deus também, que mal não faz. (9º parágrafo)


QUESTÃO 7

Abaixo encontra-se um fragmento de fala extraído do corpus do projeto NURC. Reescreva o fragmento, passando-o para a modalidade escrita.

a primeira vez... quando todos os meus filhos já estavam mais ou menos crescidos... talvez assim na faixa de cinco... seis anos... foi a primeira vez que nós tivemos coragem de sair do Rio... pra fazer uma estação de águas em Lambari... então fomos eu... minha mãe... meu marido e as duas crianças... e o primeiro dia que nós fomos ao parque... o menino principalmente... ele corria sem direção




Considere o fragmento de texto transcrito a seguir para responder às questões 8 e 9.

A percepção que temos do “outro”, do estranho, do diferente não acontece de maneira abstrata nem desinteressada. Todos nós enxergamos o mundo através da lentes, dos filtros que nos são fornecidos pela nossa cultura e seus valores religiosos, familiares etc. O meio em que crescemos e nos educamos nos põe em contato com determinados sistemas padronizados de classificação das coisas e também das pessoas, que aparentam ser inatos, “naturais”, mas que na verdade são aprendidos. Noções e categorias relativas à distância, ao espaço, aos padrões estéticos, ao que é considerado “bem” ou “mal”, entre outras, são fortemente marcadas pela nossa cultura. Culturas diversas da nossa elaboram seus próprios sistemas de classificação, que vão sofrendo modificações ao longo do tempo. Quem já não se deu conta de que pessoas que vivem nos centros urbanos têm uma noção de distância bastante diferente das que habitam as regiões rurais? No filme Dersú Uzalá, por exemplo, dirigido pelo cineasta japonês Akira Kurosawa, o nativo Dersú percebe o ambiente natural em que vive de uma forma inteiramente distinta do seu companheiro militar russo. Para Dersú, ao contrário do que pensam os ocidentais, os animais também são “gente”. Até as pedras são por ele consideradas seres animados. Certos povos africanos admiram e desejam as mulheres robustas, enquanto outros valorizam as mulheres esbeltas. Existem povos que proíbem o consumo de carne de porco, considerado por eles um animal “imundo”, ao passo que outros ficam extremamente felizes quando podem realizar grandes banquetes com a carne suína. No que diz respeito aos padrões estéticos, também registramos enorme variabilidade de gostos: dificilmente conseguiríamos apreciar o tipo de música produzida pelos índios da Amazônia ou pelos povos orientais. Para os mais velhos, de gosto erudito ou conservador, o rock pesado seria digno de ser ouvido? (Adaptado de QUEIROZ, Renato. Não vi e não gostei – o fenômeno do preconceito. São Paulo, Moderna: 1995. p.11-13.)



QUESTÃO 8

Imagine que a primeira frase – A percepção que temos do “outro”, do estranho, do diferente não acontece de maneira abstrata nem desinteressada – fosse deslocada do início para o fim do fragmento. Indique a palavra ou expressão que poderia introduzir essa frase, em conformidade com seu sentido no contexto.

( a ) Portanto

( b ) Entretanto

( c ) Além disso

( d ) Apesar disso

( e ) Mesmo assim





QUESTÃO 9
            As frases abaixo, extraídas do fragmento de texto, receberam uma vírgula a mais, que não existe no texto original. Essa vírgula adicionada (em negrito) representa um erro de pontuação em todas as alternativas a seguir, exceto em uma. Indique a única alternativa em que o acréscimo dessa vírgula é aceitável.
( a ) O meio em que crescemos e nos educamos, nos põe em contato com determinados sistemas padronizados de classificação das coisas e também das pessoas (...)

( b ) (...) o nativo Dersú, percebe o ambiente natural em que vive de uma forma inteiramente distinta do seu companheiro militar russo.

( c ) Até as pedras, são por ele consideradas seres animados.

( d ) (...) ao passo que outros, ficam extremamente felizes quando podem realizar grandes banquetes com a carne suína.

( e ) (...) dificilmente conseguiríamos apreciar o tipo de música produzida pelos índios da Amazônia, ou pelos povos orientais.


Um comentário:

  1. Bom dia!
    Gostaria de saber se você oferece algum curso de português instrumental online.
    Obrigada!

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